Retornados were not always received with open arms

The Portuguese decolonization proposed by the Armed Forces Movement (MFA) was one of the main points of political divergence on the very day of the military coup 50 years ago.

‘Our intention was good but the change of the Program on the 25th of April, 1974 in the Command Post of the MFA in Pontinha – from which the reference to the right of peoples to self-determination and independence was removed by general António de Spinola – complicated things, explains captain Vasco Lourenço present at the time.

Spinola, former governor of Guinea and first (unelected) President of the Republic after the almost bloodless military coup was opposed to an ‘immediate’ granting of independence to the colonies and first wanted to hold popular consultations in the colonies. Nevertheless, on the 19th of July, the Council of State approved a constitutional law (Law 6/74), that ‘recognized the right of peoples to self-determination with all its consequences, including the right to independence.’

The declarations of independence of the former colonial territories in Africa, however, provoked a prompt and chaotic return of nearly half a million people to Portugal and outbreaks of long-lasting civil wars between the different liberation movements in Angola and Mozambique. Many did not actually return, because they were born in Africa and didn’t know Portugal.

The term ‘returned’ (retornado) was legally defined to determine who was entitled to State support.

Tens of thousands of returnees had to be housed in over 1500 hotels and pensions, that had to adept facilities to accommodate a much larger than usual number of guests, who brought sleep, hunger and trauma to their luggage. Large families, who had to fit in a single room, meant more cleaning and a lot more meals to serve. It costed the Portuguese State around 2.7 million euros per day.

But the retornados were not always received with open arms in a country where an anti-colonial atmosphere prevailed after the Carnation Revolution.

Ana Simões, 67 – whose family decided to leave when they learned that there was an order to kill all the whites in the area where they lived in Angola – was 17 when she arrived in Portugal, where she found people shouting ‘that I should go back to my land, that I had stolen from the blacks in Africa and that I was stealing worker’s jobs here. I felt like they didn’t see me as Portuguese and that made me angry and sad at the same time.’

Maria de Oliveira, 65 – also has difficulty forgetting what she experienced after the 25th of Abril, first in Mozambique and later in Portugal. She and her family went through a shooting and at the age of 15 had a shotgun against her head. ‘Days later I was on my way to Lisbon without anything, not even a penny. When I see images of Gaza or Ukraine, I understand very well what these people are going through.’

Enjoy the 25th of April           Boas Festas no dia 25         (pic Público)
















Sem rosto

Foi mais de quarenta anos, quando trabalhei como médico no Norte de Moçambique, é que aconteceu o seguinte. Numa certa noite fui chamado pelo motorista da ambûlancia para julgar um caso de morte numa pequena aldeia longe do hospital. Como não estava bem claro se se tratava duma morte natural, tive de levar  a polícia comigo. O único homem disponível naquela altura era um jovem sem farda e sem sapatos, mas tinha espingarda, porém sem balas. Dei-lhe umas folhas de papel e a minha caneta, para fazer um relatório se for necessário. Assim arrancamos para o mato. Depois de umas horas chegámos a uma aldeia escondida á beira mar. Lá fomos dirigidos pelo chefe da aldeia para uma palhota onde estava o corpo. Como não havia electricidade, pedi ao motorista para dirigir a ambulância com as luzes acesas em frente da porta da palhota para ver melhor dentro. Em cima de uma cama de pau encontrei um monte de cobertores. Quando os tirei, assustei-me, porque vi um corpo sem rosto! Tinha sido assassinado? Não, o homem era pescador e afogou-se e ficou dentro do mar; mas como passou bastante tempo antes que os aldeões o encontrassem, os caranguejos já tinham roídos os seus óculos, lábios e nariz.


Dá licença

Houve um tempo nos anos 80 em que gostávamos de conhecer as ilhas no norte de Mocambique, perto da cidade de Pemba. Éramos três amigos  trabalhando como cooperantes na província de Cabo Delgado: um engenheiro mexicano, um médico brasileiro e eu. Como tinha chegado a Moçambique há pouco tempo ainda não falava bem português, embora soubesse dizer ‘dá licença’ e ‘o senhor’. O meu amigo mexicano tinha combinado com um pescador de levar-nos para as ilhas muito cedo de manhã. Quando chegámos à praia no dia combinado ainda era noite e estava muito escuro por falta da lua. Não encontrámos nem um barco nem um pescador esperando por nós. Só podia-se ver uma figura indistinta ao longe na praia. Quando me aproximei dele, consegui identificar um homem que estava sentado acocorado e perguntei-lhe: dá licença, você é o senhor com quem nós combinamos ir às ilhas? A resposta dele foi bastante clara: ‘o rapaz, sai daí , deixa-me cagar em paz’. Os meus amigos riram sem parar.


Emulação socialista

Houve uma vez uma reunião à noite no quarto do director provincial de Cabo Delgado. Estiveram presentes todos os médicos que trabalhavam na província e foram discutidos vários assuntos relacionados com a saúde pública, tanto nos distritos como na capital da província, a cidade de Pemba. Só o diretor era Moçambicano, todos os outros médicos eram cooperantes vindos de vários países como Cuba, Coreia do Norte e o Brasil.
Naquele tempo, uns  quatro anos depois da independência, ainda existiam campos de reeducação no país e havia também um em Pemba. As condições lá eram péssimas e muitas pessoas sofriam de tuberculose pulmonar. Como médico costumava visitar o campo algumas vezes para ver se os reeducados com tosse sofriam de tuberculose. Se fosse o caso, eles precisavam de ser tratados e isolados, significando baixar ao hospital provincial, situado fora do campo de reeducação. Era uma situação bastante complicada, pois muita gente queria sair do campo e por isso tossia.
A reunião demorou bastante e já era muito tarde quando o diretor, que falava muito rápido e entre dentes, queria acabar com um assunto muito delicado, entretanto olhando várias vezes para mim. Fiquei atento.
Sinceramente, não percebia quase nada o que ele dizia, porque tinha chegado há pouco tempo ao país e ainda não entendia bem a língua portuguesa. Depois dum discurso prolongado, o diretor finalmente olhou para mim de vez, felicitou-me e começou a aplaudir, rapidamente seguido por todos os outros médicos presentes. Entretanto eu já estava encharcado em suor porque tinha percebido que fora selecionado para obter a posição como médico principal no campo de reeducação! 
Perguntei ao meu vizinho, um médico brasileiro, porque eu tinha sido escolhido mas ele tranquilizou-me dizendo que não tinha nada a ver com campos de reeducação mas que eu tinha acabado de ser premiado com a emulação socialista do semestre!


Pesadelo

Ontem à noite acordei de repente por causa dum ruído discreto perto da janela. O que é que estava a acontecer? Seria um bicho ou um ladrão tentando entrar no quarto de dormir? Imediatamente tive de pensar numa situação parecida que houve em Pemba, Moçambique nos anos 80 quando fui hospedado num hotel nessa cidade.
Então, pela meia-noite fui também acordado por um som esquisito que tinha sido causado por um homen seminu que estava á frente da minha cama com uma catana enorme acima de sua cabeça. Fiquei chocado! Ao ouvir o meu grito o homem fugiu rapidinho através duma janela partida. De vez em quando ainda posso ter pesadelos sobre isso. Quando acendi a luz no meu quarto não encontrei nenhum homem com catana mas verificou-se que tinha começado a chover.


Ashwa
‘Dus de familie zegt met wie je gaat trouwen?’
Ze knikt enthousiast.
Negentien jaar, slank als een rietstengel, rustige, donkerbruine ogen in een ovaal gezicht.
Ashwa komt uit Afghanistan en wil voedingsassistente worden.
‘Hebben zich al jongens gemeld?’, vraag ik plagend.
‘Best wel’, zegt ze. ‘Mijn familie zoekt alles heel precies uit en heeft al iemand op het oog.’
‘Oh, en wat vind jij belangrijk?’
‘Hij moet lang en knap zijn, want dat ben ik niet.’
‘En is hij dat?’
‘Nee, hij is klein en dik maar ziet er wel superlief uit.’

Schatje
Over het houten bruggetje met de vijvereenden, zigzaggend langs happende hondjes en op de hielen gezeten door een rochelende scootmobiel, rent hij het park uit.
Voorbij de ingeslapen poppenhuisjes en kwetterende fietsscholieren op de dijk.
‘Kom maar schatje.’
Abrupt houdt hij zijn pas in en kijkt recht in haar achteromkijkende gezicht.
Streepjesmond, stekeltjeshaar, schildpadbril.
‘Huh’, mompelt hij verbaasd.
Pas dan ziet hij een kogelronde teckel op drie pootjes uit de struiken hinkelen.
‘Goed gedaan schatje’, zegt ze en trekt een blauw zakje uit haar lange leren jas.

Pet
‘Als het koud is, houd ik hem ’s nachts op.’
In de zeventig moet hij zijn.
Ik frons en vraag: ‘lig je dan met dat ding in bed?’
Vanonder zijn klep loert hij me wantrouwend aan.
‘Natuurlijk, anders wordt ik verkouden.’
Hoofdschuddend draai ik me om.
‘Klopt’, zegt zijn vrouw, die achterin zit.
‘Heeft zijn broer ook, gek hè.’
‘Dan hebben jullie vast een gaatje in je hoofd’, zucht ik.
Op het moment dat hij uitstapt, waait zijn pet de sloot in.
‘Geeft niks’, bromt hij. ‘Heb er thuis nog zat.’




Raising awareness of dating violence at an early age is crucial

Violence in dating relationships is defined as the use of behaviours that intend to assume power in the relationship and hurt or control the partner. It may take the form of physical violence (beating, pushing), psychological violence  (insulting, humiliating), sexual violence (kissing against the will of the other, forcing sexual practices) or stalking (chasing, watching contacts).

Myths and beliefs associated with dating relationships are numerous. ‘Jealousy is a proof of love – It is better to have a violent boyfriend than no boyfriend at all – When you like someone, you should do everything he/she likes – Having sex is a proof of love – A slap or insult is not violence and does no harm to anyone.’

Complaints of dating violence have increased in the past five years. Two-thirds of 15-year-old adolescents who date or have dated suffered a form of violence by their current or former partner. Control and psychological violence are the most reported behaviours identified in the UMAR National Survey on Dating Violence, which was presented in Porto on Valentine’s Day.

Half of the Portuguese teenagers don’t think that controlling their partner – the most frequent being the prohibition of talking to a peer or friend – is a form of violence. A third believe it is legitimate to pick up the mobile phone or enter social media without authorization. Boys have higher levels of legitimacy for all forms of violence. Pressing to give a kiss in front of schoolmates, for example, is justifiable for 40% of boys and 20% of girls.

Psychological violence – the most frequent being insulted during a discussion – marked the first dating in 45% of the teenagers. Almost 20% of them declared to have been victims of sexual abuse in an intimate relationship; an increase of 5% compared to last year.

Margarida Pacheco, one of the authors of the study, believes that trivialization and naturalization of violence in dating is taking place. ‘We should start the primary prevention of violence in kindergarten and continue it for many years in school. Both at the level of self-esteem and respect and acceptance that no means no. Many young boys and girls never received systematic information on these issues.’

To produce a working tool on the problem of violence in dating, the municipality of Cascais developed  – together with students and teachers of basic and secondary schools – the pedagogical kit Prevention of Violence in Juvenile Intimacy. The active involvement of the students in the design and implementation of the kit has undoubtedly contributed to its success in schools.

Have a great week         Tenha uma ótima semana                (pic IAC/APAV)